29.1.11
Cessação de subsídios de desemprego
Escreve, com grande destaque, o Público - em mais um caso de numeracia duvidosa - que os casos de cessação do subsídio de desemprego por recusa de trabalho pelo salário oferecido ou por recusa de frequência de formação profissional duplicaram entre 2009 e 2010.
Depois vai-se ver os números na notícia e afinal a evolução referida é só entre cerca de 400 casos em 2009 e cerca de 800 em 2010. Isto num universo de mais de 600.000 desempregados, em finais de 2010. (Cerca de metade em cada mês não está a receber subsídio; mas por outro lado a soma de "fluxos" para o desemprego - o valor de referência para pôr em contexto aquelas cessações - será bastante superior.)
Conclusão: a verdadeira notícia não é o número de cessações dobrar entre os dois anos. A notícia seria sim o número extraordinariamente baixo de cessações relacionadas com a não observância da lei, tanto em 2009 como em 2010: cerca de 0.5% do total de referência de desempregados.
E a questão que esta não-notícia levanta é: será que esta percentagem tão baixa de cessações deve-se ao respeito escrupuloso por parte dos desempregados das regras do subsídio - ou, mais provavelmente - à falta de "enforcement" por parte dos centros de emprego?
Escreve, com grande destaque, o Público - em mais um caso de numeracia duvidosa - que os casos de cessação do subsídio de desemprego por recusa de trabalho pelo salário oferecido ou por recusa de frequência de formação profissional duplicaram entre 2009 e 2010.
Depois vai-se ver os números na notícia e afinal a evolução referida é só entre cerca de 400 casos em 2009 e cerca de 800 em 2010. Isto num universo de mais de 600.000 desempregados, em finais de 2010. (Cerca de metade em cada mês não está a receber subsídio; mas por outro lado a soma de "fluxos" para o desemprego - o valor de referência para pôr em contexto aquelas cessações - será bastante superior.)
Conclusão: a verdadeira notícia não é o número de cessações dobrar entre os dois anos. A notícia seria sim o número extraordinariamente baixo de cessações relacionadas com a não observância da lei, tanto em 2009 como em 2010: cerca de 0.5% do total de referência de desempregados.
E a questão que esta não-notícia levanta é: será que esta percentagem tão baixa de cessações deve-se ao respeito escrupuloso por parte dos desempregados das regras do subsídio - ou, mais provavelmente - à falta de "enforcement" por parte dos centros de emprego?