27.2.08

 
O novo processo de avaliacao dos professores: outra boa ideia mal executada


(no Publico de hoje, por Joao F. Oliveira - clicar para aumentar)

Os riscos que um sistema de avaliacao desta complexidade tenha consequencias nao intencionadas e' obvio. Para alem das horas de trabalho que o funcionamento do sistema exige, e' elevado o potencial de "gaming" - ter professores a trabalhar "para ingles [avaliador] ver" e nao para os alunos.

E' preciso avaliar com seriedade, mas e' pouco provavel que este sistema tenha sucesso. E, em todo o caso, com exames nacionais serios restringidos aos 9.o e 12.o anos, o potencial para se avaliar a propria reforma e' limitado.

26.2.08

 
Avaliacao "externa" das escolas



A Inspeccao-Geral da Educacao divulgou ontem o seu relatorio sobre o tema para 2006/07, disponivel aqui (e resumido, em termos de metodos e objectivos, aqui). A analise foi baseada em 100 escolas e agrupamentos e "[d]a visao de conjunto dos resultados ressalta a predominancia das classificacoes claramente positivas para a generalidade dos dominios em analise." Por outro lado, alguns jornais preferem concluir que "[m]ais de 40 por cento das escolas sujeitas a avaliação externa no ano lectivo 2006/07 não foram além da classificação de "suficiente" em matéria de "capacidade de auto-regulação e melhoria" (Publico de hoje).


Em todo o caso, como e' indicado na pagina da IGE, "[t]endo em conta que estas 100 unidades de gestão reiteradamente se declararam voluntárias para participar nas primeiras fases deste programa, a qualidade global do seu desempenho não pode ser considerada representativa do todo nacional". Alem disso, os resultados sao apresentados em termos da distribuicao das classificacoes por varios criterios, sem indicacao da avaliacao recebida por cada escola, estando esta ultima informacao dispersa pelos relatorios preliminares divulgados anteriormente - mas ja nao disponiveis na internet...


24.2.08

 
Desemprego entre os licenciados

Uma excelente analise do tema foi publicada esta semana pelo Ministerio da Ciencia e Ensino Superior - e esta disponivel aqui.

Entre outros resultados:
-varios cursos com indices desempregados/licenciados "muito" elevados - por exemplo, sao apresentados 10 pares cursos/estabelecimento em que mais de 50% dos licenciados estao inscritos nos centros de emprego e mais 21 pares com indices entre 40% e 50% (quadro II.6)
-(so') 5% dos licenciados estao desempregados, segundo o criterio do IEFP (comparando com uma taxa de desemprego de cerca de 8%);
-proporcao elevada sao mulheres (70%) e da regiao Norte (40%)
-ciencias sociais e humanidades estao tambem sobrerepresentadas (em terms da relacao entre desempregados e diplomados)
-nao parece haver diferencas significantivas entre os ensinos superiores publico e privado

Claro que o ranking de "desempregabilidade" tem de ser interpretado com cuidado. Da mesma maneira que um ranking de escolas baseado em resultados de exames do 12o ano nao indica o valor acrescentado de cada escola, este ranking de cursos/estabelecimentos de ensino tambem vai reflectir outros aspectos para alem da qualidade do ensino, etc. Em proximas analises, seria interessante ter em conta diferencas nas notas medias de entrada em cada curso - provavelmente com resultados surpreendentes...

 
Balanco para 2007 do Ministerio da Educacao

Esta disponivel aqui e, sem surpresa, e' considerado muito positivo pelo proprio ministerio. O destaque "pelo impacto positivo na qualificação da escola pública e na melhoria do sistema de ensino" e' dado 'as seguintes 10 medidas:

"1) Programa de Modernização das Escolas Secundárias: início das obras de modernização em 4 estabelecimentos e apresentação de mais 26 projectos;
2) Plano Tecnológico da Educação: colocação do primeiro pacote de Quadros Interactivos em todas as escolas;
3) Rede Escolar do 1.º Ciclo: abertura de 60 centros escolares e aprovação do instrumento financeiro para apoio à requalificação da rede do 1.º Ciclo no QREN;
4) Conselho de Escolas: criação e eleição do Conselho de Escolas, com representação de 60 presidentes de conselhos executivos de escolas ou agrupamentos.
5) Concurso para Professor Titular: realização do 1.º concurso para professor titular, com o provimento de mais de 32.000 professores;
6) Estatuto do Aluno: aprovação do Estatuto do Aluno com reforço da autoridade do professor e da escola;
7) Provas de Aferição: realização de Provas de Aferição por todos os alunos dos 4.º e 6.º anos de escolaridade;
8) Ensino Secundário: mais 21.000 alunos, melhores resultados e crescimento do número de alunos em cursos profissionais;
9) Acção Social Escolar: Alargamento dos apoios para concluir o Secundário;
10) Novas Oportunidades: alargamento dos referenciais de competência ao nível secundário e primeiros 166 diplomados de nível secundário."

Para mim, o surpreendente e' fazer-se um balanco - e concluir-se pela positiva - exclusivamente com base numa lista de medidas politicas e sem qualquer evidencia de resultados positivos. Sem essa evidencia, pode-se com facilidade estar a persistir em politicas erradas. E, efectivamente, praticamente para todas as medidas da lista em cima e' possivel pensar em consequencias negativas ou, pelo menos, considerar que as medidas nao tiveram efeitos significativos.

Passados tres anos, ja comeca a ser altura de apresentar resultados. Infelizmente, parece que ainda se considera que listar politicas e' o mesmo que apresentar resultados. O que e' necessario e' indicar em que medida uma determinada opcao politica (e nunca houve tantas) resultou em melhor aproveitamento por parte dos alunos.

12.2.08

 
Programa da "Society of Labor Economics" de 2008

A principal conferencia sobre economia do trabalho:

http://client.norc.org/jole/SOLEweb/2008Program.html

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