31.5.07

 
Plano Nacional de Leitura

No Publico de hoje escreve-se (em "Plano Nacional de Leitura pôs um milhão de crianças a ler na sala de aula") o seguinte:

"Foi um balanço quantitativo o de ontem. Falou-se sobretudo de números, que comprovam a adesão ao PNL de escolas (quase nove mil), bibliotecas públicas e câmaras municipais, entre outros. [...]
Para um balanço qualitativo, será preciso esperar até Setembro. É a data prevista para apresentar o estudo de avaliação do PNL que está a ser desenvolvido por uma equipa de sociólogos do ISCTE. Alguns dados preliminares deste estudo - que inclui inquéritos às escolas, study-cases, entrevistas aos públicos e agentes dos programas e um barómetro da opinião pública - foram ontem adiantados pelo seu coordenador, António Firmino da Costa. A opinião geral sobre o PNL nas escolas é "bastante positiva", existindo a percepção de que permitiu a aquisição de mais livros, uma presença alargada dos mesmos na sala de aula e o reforço da relação com as bibliotecas escolares. [...]
Alguns [professores] consideraram ainda que as actividades propostas pelo plano "já eram desenvolvidas por eles, trazendo pouco de novo"." (os italicos sao meus)

Alguns comentarios:
-o balanco quantitativo corresponde 'a analise de "numeros" sobre os niveis de adesao ao programa (e pelo vistos ficara por ai)
-o balanco qualitativo envolve um barometro da opinao publica (cuja utilidade para compreender o efeito do PNL e' dificil de compreender)
-o estudo da avaliacao e' conduzido por colegas da Ministra da Educacao do ISCTE (que serao concerteza pessoas muito competentes - nao tenho quaisquer provas do contrario - mas cujos incentivos para reportarem eventuais resultados menos bons e' inevitavelmente questionavel pela sua proximidade 'a ministra).

No Reino Unido, tambem decorre um programa de incentivo 'a leitura. Este programa, "Literacy Hour", foi avaliado por Steve Machin e Sandra McNally, que mostram que os resultados foram muito positivos e com uma boa relacao custo-beneficio (link para o "paper").

29.5.07

 
Avaliacoes 'a portuguesa

Uma analise a dez anos de politicas "New Labour" na area da educacao, conduzida por investigadores do LSE: link.

Um "call for papers" para uma conferencia internacional sobre "Economic Incentives: Do They Work in Education?": link.

Por outro lado, em Portugal, varios "comentadores" parecem estar a chegar 'a "conclusao" que as politicas deste governo estao a produzir bons resultados.

Miguel Sousa Tavares diz: "As reformas empreendidas por Maria de Lurdes Rodrigues, a melhor ministra deste Governo, começam a mostrar resultados e eles são uma devastadora derrota para a Fenprof, confirmando que as inadiáveis reformas na Educação terão de ser levadas a cabo contra os sindicatos dos professores: a população escolar aumentou 1,3% (embora o número de crianças não tenha aumentado), desapareceram praticamente as escolas com menos de dez crianças — um modelo antipedagógico e anti-social — 80% das creches e 90% das escolas do 1º ciclo passaram a funcionar até às 17h30 e as aulas de substituição, apesar da tentativa de boicote sindical e judicial, estão a ser um sucesso." (Expresso, 19 de Maio de 2007, meus italicos). Manuela Ferreira Leite escreve um texto semelhante na mesma edicao do jornal.

E' inequivoco que o espirito aparentemente reformador da actual equipa do Ministerio da Educacao merece regozijo junto de todos aqueles incredulos com a inercia emanada da 5 de Outubro durante varios anos. Agora confundir "inputs" com "outputs" e' que nao contribui em nada para melhorar a educacao em Portugal. Muito menos assumir que qualquer reforma e' melhor que deixar tudo na mesma.

E' preciso saber com rigor o que os jovens portugueses aprendem e comparar com anos anteriores. Ate' se chegar a essa analise, qualquer avaliacao nao sera mais que um palpite. Para Portugal, parece que palpites sao suficientes para avaliar politicas. Nao sao so' os jovens que nao aprendem.

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