26.2.09
23.2.09
Importantes declaracoes do presidente do Conselho Científico para a Avaliação dos Professores (CCAP) no DN de dia 21. Infelizmente ja passaram tres anos durante os quais a qualidade da aprendizagem nas escolas retrocedeu - como mostra um conjunto de analises que espero divulgar nas proximas semanas.
Entretanto, prossegue a confusao nas escolas: nas palavras do proprio presidente do CCAP, "Ninguém consegue ter uma ideia clara sobre o que se passa. Há escolas que definiram dezenas de instrumentos de avaliação e outras que escolheram três ou quatro. Há escolas onde todos os professores entregaram os objectivos individuais e outras onde ninguém o fez..."
19.2.09
Segundo o Jornal de Negocios de hoje,
A estrutura accionista do BCP tornou-se uma Liga dos Últimos, somando grandes prejuízos e grandes dívidas, patrocinadas sobretudo pela Caixa. Quem emprestou e quem pediu emprestado mediu mal o risco e começaram os incumprimentos. Uma hipótese era a Caixa executar as dívidas e ficar com as acções dos clientes, o que a tornaria "dona" do BCP. A alternativa foi renegociar. Mas é estranho que, tendo a Caixa todo o poder, tenha entregue a faca e o queijo ao esfomeado. Aceitou-se como garantia tudo e um par de botas, deram-se carências de capital e de juros (!) e assim se salvaram grandes fortunas falidas do País.
O caso roça o inacreditável no acordo entre a Caixa e Manuel Fino, revelado por este jornal na segunda-feira: o empresário entregou quase 10% da Cimpor à Caixa, mas as cláusulas leoninas foram a seu favor. A Caixa pagou mais 25% do que as acções valem; não pode vender as acções durante três anos; e Fino pode recomprar as acções, o que significa que foi a Caixa que ficou com o risco: se as acções desvalorizarem, perde; se valorizarem, Fino pode recomprá-las e ficar com o lucro. Não há dúvidas de que Manuel Fino fez um óptimo negócio e de que zelou pelos seus interesses. Assim como a Caixa - zelou pelos interesses de Manuel Fino.
14.2.09
Escrito por Joshua Angrist e Jorn-Steffen Pischke, dois importantes economistas do trabalho, o livro consegue ser rigoroso sem ser monótono. E concentra-se nas novas metodologias econométricas para dados microeconómicos, como a regressão de discontinuidade, regressão quantílica, variáveis instrumentais, dados de painel e dados agrupados... Forte candidato a livro do ano entre os cientistas sociais empíricos.
12.2.09
A actualização para 2009 já está disponível, com informação de cerca de 500 economistas portugueses ou que trabalham em Portugal. Trata-se mais uma vez de um excelente trabalho de Paulo Guimarães, Pedro Cosme e Miguel Portela.
O top 10 este ano, segundo um dos vários critérios disponíveis (a média de todos os rankings), é:
1 Luis Cabral New York U
2 Sergio Rebelo Northwestern U
3 Pedro Pita Barros U Nova
4 Miguel Villas-Boas U CA, Berkeley
5 Alfredo Marvão Pereira Col William & Mary
6 Nuno Garoupa U Illinois
7 Nuno Limão U Maryland
8 João Santos Silva U Essex
9 Pedro Portugal U Nova
10 Mário Páscoa U Nova
(O vosso "yours truly" está em 53.º)
Interessante verificar que grande parte dos economistas que aparecem a comentar variadissimos assuntos na comunicação social ocupam posições modestas em termos da qualidade e quantidade do seu trabalho de investigação sujeito a "peer review".
10.2.09
9.2.09
4.2.09
(clicar para aumentar; no "Publico" de hoje)
3.2.09
Interessante recensao/ensaio de Jeff Madrick na New York Review of Books - uma analise detalhada sobre as origens da crise financeira e algumas direccoes para a administracao Obama.
Conclusao: "Financial market participants created a financial bubble of tragic proportions in pursuit of personal gain. But the deeper cause was a determination among people with political and economic power to minimize the use of government to oversee the financial markets and to guard against natural excess. If solutions are to be found, the nation requires robust and pragmatic use of government, free of laissez-faire cant and undue influence from the vested interests that have irresponsibly controlled the economy for too long."
1.2.09
J. Pacheco Pereira sugere a introducao de contratos de trabalho simplificados para se aligeirar os efeitos do desemprego e da rigidez da legislacao laboral:
"Por isso, em tempos de crise, mais valia adoptar-se algumas medidas, mesmo provisórias, mesmo com data marcada para terminarem, para criar um mercado de "trabalho cinzento" com um mínimo de regulação para proteger a dignidade de trabalho, mas sem a rigidez e o garantismo da nossa legislação de emprego, que não impedirá um único despedimento, mas ajudará a provocar bastantes."
Percebe-se a motivacao desta abordagem - aligeirar os serios efeitos sociais do desemprego - mas questionam-se algumas premissas. Por exemplo, duvido que a legislacao laboral nao esteja agora a "segurar" dezenas ou centenas de milhares de empregos. Os empregadores sabem que obter separacoes atraves de despedimentos colectivos implicam elevadas indemnizacoes (cerca de 1 mes por ano de antiguidade do trabalhador). Assim, quantas empresas em dificuldades tem condicoes para pagar varios meses de salarios a cada trabalhador a despedir? Como aqui foi dito, ao contrario do que sugere a comunicacao social, a evidencia aponta para numeros reduzidos.
Por outro lado, criar estruturas de contratacao a prazo mais flexiveis e' algo que e' fundamental fazer, mais tarde ou mais cedo, mas e' incerto ate que ponto isso iria dinamizar as contratacoes neste periodo especifico. Varios estudos indicam que o desemprego aumenta durante as recessoes sobretudo por causa da reducao das contratacoes das empresas - e nao por causa do aumento dos despedimentos, como equivocadamente sugere a comunicacao social.
Que fazer entao? Aumentar o salario minimo muito acima da inflacao ou restringir os recibos verdes, como o governo fez, seguramente que tambem nao ajuda a combater o desemprego.
A minha receita - e de muitos outros - nao so' nao e' original como ate' ja comeca a estar bastante gasta. Mas continuo a pensar que e' sobretudo o investimento transparente e bem estruturado na educacao, aumentando a produtividade, que pode abrir perspectivas 'a economia de Portugal - e reduzir o custo social do desemprego.