19.2.09

 
Cleptocracia

Segundo o Jornal de Negocios de hoje,
A estrutura accionista do BCP tornou-se uma Liga dos Últimos, somando grandes prejuízos e grandes dívidas, patrocinadas sobretudo pela Caixa. Quem emprestou e quem pediu emprestado mediu mal o risco e começaram os incumprimentos. Uma hipótese era a Caixa executar as dívidas e ficar com as acções dos clientes, o que a tornaria "dona" do BCP. A alternativa foi renegociar. Mas é estranho que, tendo a Caixa todo o poder, tenha entregue a faca e o queijo ao esfomeado. Aceitou-se como garantia tudo e um par de botas, deram-se carências de capital e de juros (!) e assim se salvaram grandes fortunas falidas do País.

O caso roça o inacreditável no acordo entre a Caixa e Manuel Fino, revelado por este jornal na segunda-feira: o empresário entregou quase 10% da Cimpor à Caixa, mas as cláusulas leoninas foram a seu favor. A Caixa pagou mais 25% do que as acções valem; não pode vender as acções durante três anos; e Fino pode recomprar as acções, o que significa que foi a Caixa que ficou com o risco: se as acções desvalorizarem, perde; se valorizarem, Fino pode recomprá-las e ficar com o lucro. Não há dúvidas de que Manuel Fino fez um óptimo negócio e de que zelou pelos seus interesses. Assim como a Caixa - zelou pelos interesses de Manuel Fino.


Comments:
Isto realmente não tem bom aspecto. Se Manuel Fino pediu em tempos à CGD um empréstimo para comprar acções da Cimpor então, e como elas baixaram significativamente de preço, a CGD poderia executar o empréstimo e apropriar-se das acções. Não sei porque terá havido lugar a pagamento e ainda por cima a 25% acima do preço de mercado. O problema é que só se sabe uma pequena parte deste negócio (a que faz parte do comunicado à CMVM) que é a venda e o preço a que foi feita. Importa saber as condições do empréstimo que existia bem como da opção de recompra (ex. a que preço é que Manuel Fino pode recomprar as acções durante os próximos 3 anos?)
Vasco Ribeiro
 
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