16.1.08

 

Novas oportunidades, velhos problemas?

O governo anunciou na semana passada que o programa “Novas Oportunidades” vai ser avaliado por uma equipa liderada por Roberto Carneiro. É sempre de elogiar as escassas ocasiões em que se valoriza a avaliação de programas públicos – mesmo que fique por esclarecer em que termos é que vai decorrer a avaliação (quem faz parte da equipa, quando é que os resultados serão divulgados, que acesso à informação sobre o programa sera disponibilizado, que metodologias serão utilizadas, etc).




Em todo o caso, pelo menos até à avaliação ser divulgada irão continuar a existir muitas dúvidas sobre o potencial deste programa para atingir os seus objectivos: tem aumentado a evidência anedótica que o programa se limita a assumir que determinados percursos profissionais dão “equivalência” a determinadas qualificações académicas. Além disso, têm surgido vários relatos de falta de preparação dos formadores e critérios de avaliação e certificação díspares de centro para centro.

Para além da luta política, a incerteza sobre os méritos do “Novas Oportunidades” pode acabar por destruir as suas potencialidades – se os potenciais empregadores ficarem convencidos que o programa cria pouco valor, então dificilmente se poderá esperar que os participantes no programa venham a beneficiar dele. E isto sem ter em conta as dificuldades estruturais de qualquer programa deste género, dada a evidência que a aquisição de conhecimentos tende a ser mais difícil com o aumento da idade, nomeadamente depois de vários anos de afastamento da escola (link1, link2).

A opinião pública também ficaria melhor servida se a comunicação social conseguisse fazer algum jornalismo de investigação sobre o tema. Será assim tão difícil a um jornal ou a uma estação de televisão mobilizar alguns jornalistas para se descolarem a quatro ou cinco centros do Novas Oportunidades em várias zonas do país e acompanharem os trabalhos e os resultados desses mesmos centros? Será assim tão dificil entrevistar algumas dezenas de formados/certificados e os seus empregadores? Será assim tão difícil coligir a (pouca) informação já disponibilizada sobre o programa e fazer alguns análises preliminares de custo-benefício? Enquanto o debate público em Portugal se resumir simplesmente a debates de opiniões, sem factos, à la “Prós & Contras”, é difícil subir as expectativas.


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