31.3.09

 
Revisao do Codigo do Trabalho - trabalho incompleto?!



(Publico de hoje - clicar para aumentar)

25.3.09

 
"[Ensino] Público inflaciona mais as notas que o privado"

Jornal de Noticias, 23/3/09

 
Noticias

"[S]e a maioria dos portugueses soubesse efectivamente como são feitas as "notícias", não comprava um jornal, não via um noticiário, a não ser como entretenimento, ou como obra de ficção."

Abrupto, 24 de Marco

24.3.09

 
Algumas ideias para um ECD alternativo III

4) Seleccionar e motivar com base no desempenho relativo dos alunos de cada professor; e Definir o desempenho relativo dos alunos através de comparações com alunos semelhantes em outras escolas

Uma nova abordagem para a avaliação, sugerida recentemente, baseia-se na comparação dos resultados em exames nacionais dos alunos de cada professor com os resultados de turmas semelhantes de outras escolas. Há vários aspectos importantes nesta proposta:

a) A consideração de resultados de exames nacionais. Em contraponto, os resultados determinados pelos próprios professores são obviamente passíveis de desvirtuamento através de inflação de notas e não devem contar para a avaliação dos próprios professores.

b) A comparação de resultados com escolas diferentes. Avaliar professores através de comparações dentro da mesma escola pode reduzir a colaboração entre professores (ou mesmo, em casos extremos, a levar a actos de sabotagem). Com incentivos relativos dentro de cada escola, como é o actual sistema, inevitavelmente alguns professores irão mudar o seu comportamento ao ter em consideração que ajudar um colega significa uma menor probabilidade de receber um prémio. Sendo a colaboração entre professores potencialmente muito importante para o desempenho dos alunos, comparar resultados de escolas diferentes permite incentivar o espírito de equipa, precisamente o oposto do actual sistema.

c) O benchmarking com base em alunos/turmas semelhantes. O desempenho de cada aluno é obviamente determinado por vários outros factores além do trabalho do professor. Comparar alunos de escolas diferentes levaria à atribuição aos professores de responsabilidades alheias ao seu trabalho. Por outro lado, alunos ou turmas com resultados semelhantes nos exames nacionais no princípio de um ano seriam um bom termo de comparação para avaliar diferenças em termos do valor acrescentado por diferentes professores ao longo de um ano lectivo.

d) A comparação de resultados. Sendo todos os alunos sujeitos a exames nacionais todos os anos, seria possível encontrar, para cada turma, uma outra turma (ou um conjunto de outras turmas) na mesma disciplina ou ano escolar mas em outras escolas com resultados semelhantes no exame do ano anterior. O prémio de desempenho seria determinado em função dos ganhos relativos (se existirem) nos exames do ano corrente da turma do professor em relação às turmas de comparação.


5) Abordar o problema de uma maneira pragmática

Em todo o caso, é importante ter a humildade para se reconhecer que ainda não se sabe com certeza qual é a melhor maneira de gerir escolas. Além disso, o que é bom para uma escola pode ser mau para outra. Uma abordagem pragmática, baseada em projectos-piloto, avaliados com rigor e em tempo útil, provavelmente levará a melhores resultados.

23.3.09

 
Algumas ideias para um ECD alternativo II


1) Reduzir os requisitos mínimos para acesso à carreira

Não se conseguindo identificar com clareza quais são as características dos professores que levam a melhores resultados dos alunos, restringir o acesso à profissão a candidatos com médias de curso ou com resultados em testes de entrada acima de patamares elevados pode acabar por ser contraproducente. Sobretudo num contexto de redução de salários e de menor prestígio da profissão, como é o caso actualmente, o que irá restringir ainda mais a diversidade de professores que poderão ser seleccionados. Pelo contrário, é importante ter uma abordagem o mais inclusíva possível, considerando à partida de um conjunto de professores bastante alargado.


2) Não reduzir os salários de entrada na profissão

Além disso, para se poder considerar um grupo de candidatos o mais qualificado possível, é necessário oferecer salários de entrada competitivos. Assim criam-se incentivos para aqueles que tem melhores alternativas noutras profissões, o que será o caso em determinadas áreas científicas. Caso contrário, a interacção das restrições ao acesso com o menor interesse da carreira levará a uma selecção adversa dos professores do futuro. Em todo o caso, dado o carácter deprimido do mercado de trabalho em Portugal, até os actuais salários não serão desincentivos para grande parte dos aspirantes a professores.


3) Alargar o período probatório

No entanto, dada a heterogeneidade dos novos professores, é preciso dar tempo suficiente para a sua avaliação antes do fim do período probatório. Actualmente, este período é de cerca de um ano, o que parece manifestamente insuficiente para uma avaliação rigorosa das capacidades de um professor e fazer a triagem necessária antes de oferecer segurança no emprego. Com o reduzido período probatório actual, factores transitórios como uma turma particularmente boa ou particularmente má podem facilmente levar à aprovação (rejeição) para o quadro das escolas de maus (bons) professores.

19.3.09

 
Algumas ideias para um ECD alternativo

Várias análises indicam que um professor pode fazer uma diferença grande em termos dos resultados dos seus alunos. É um resultado que não surpreende ninguém que tenha tido o privilégio de assistir a aulas dadas por professores inspirados e dedicados à sua profissão.

No entanto, à distância de um ministério ou de uma direcção-geral ou de um investigador ou mesmo de uma direcção de uma escola, é muitas vezes difícil perceber quais são as características específicas daqueles professores que mais contribuem para a melhoria do desempenho dos alunos.

Grande parte das variáveis consideradas em vários estudos, como a frequência de sessões de formação ou títulos académicos ou mesmo a experiência (para além dos primeiros anos na profissão) não tem efeitos significativos, ao contrário do que é assumido por muitos.

Sugerem-se de seguida algumas ideias inovadoras para um ECD alternativo, com base em alguns desenvolvimentos recentes na area da economia da educação. O objectivo e' criar uma moldura institucional que estimule a inspiração e dedicação dos professores com vista a promover a aprendizagem dos alunos, e gerando "value for money" para o contribuinte:

A ser desenvolvido em proximos posts.


16.3.09

 
Incentivos e resultados

O meu trabalho sobre os efeitos das reformas recentes na educacao em Portugal tambem esta' desde hoje disponivel como working paper do Centro de Estudos de Gestão do Instituto Superior Tecnico (CEG-IST).

Entretanto, o Diario de Noticias de hoje tambem refere o estudo, no seguimento de comentarios aqui e aqui. O artigo do DN e' interessante, embora a versao online nao mencione o aspecto fundamental da analise: a comparacao relativa e ao longo do tempo entre as escolas publicas no continente, por um lado, e as escolas privadas e as escolas publicas nas regioes autonomas, por outro. E' atraves destas duas comparacoes - com resultados semelhantes - que se estima o efeito das reformas educativas, atraves de um metodo estatistico chamado "diferenca-em-diferencas".



Por outro lado, ao contrario do que e' dito no artigo do DN, os efeitos de reducao dos resultados dos exames nas escolas publicas do continente verificam-se tanto no ano lectivo 2006/07 como no ano lectivo 2007/08, sobretudo na comparacao entre escolas publicas e escolas privadas. Alem disso, o aumento dos efeitos negativos de 2007 para 2008 pode explicar-se pelos "efeitos cumulativos" referidos no artigo: o facto de os alunos examinados em 2008 terem estado expostos 'as novas reformas durante a um periodo mais alargado (2007 e 2008, e nao somente 2007, como foi o caso da coorte anterior).

13.3.09

 
Mitos

"The great myth about incentive pay or accountability systems is that they bring "business practices" or "competitive pressures" to public education, but such claims are not true [...]

It is possible that schools do not need incentive pay systems but rather much better means for identifying and developing talented persons who enjoy helping children learn. Whether or not this is the case, real competition among schools and organizations that manage schools may be the best mechanism available for societal learning about desirable methods for identifying, training and motivating teachers."

Derek Neal, professor no Dept de Economia da Univ de Chicago, em "Designing Incentive Systems for Schools" (paginas 32-36)

 
Evolucao das notas no Ensino Secundario



As tabelas em cima (clicar na imagem para aumentar) ilustram uma versao simplificada da minha analise dos resultados dos alunos do ensino secundario.

Nesta ilustracao cada numero resulta de uma media de varias dezenas de milhares de notas, obtidas no site do Juri Nacional de Exames. Verifica-se que a diferenca entre os resultados internos nas escolas publicas e privadas e' relativamente estavel ao longo dos ultimos sete anos lectivos, embora haja uma deterioracao de 2005/06 para 2006/07 (tabela do canto superior esquerdo). Por outro lado, a evolucao em termos das diferencas nos resultados dos exames nacionais, embora tambem relativamente constante entre 2002 e 2006, dispara para quase o dobro (de -0.45 para -0.82) a partir de 2006/07 (tabela do canto superior direito).

Como consequencia destes dois resultados, a "inflacao" de notas - que caracterizava sobretudo as escolas privadas ate 2006 - desaparece e passa a ser relativamente mais importante junto das escolas publicas. Por exemplo, a inflacao passa de -0.18 em 2006 para 0.03 em 2007 (tabela do canto inferior direito).

11.3.09

 
Efeitos das reformas na educacao

Esta' disponivel aqui o meu trabalho sobre o impacto das reformas dos ultimos tres anos na aprendizagem dos alunos do ensino secundario em Portugal. Infelizmente as minhas analises indicam que este impacto e' negativo.

O estudo baseia-se na informacao individual dos resultados dos exames em todas as escolas secundarias portuguesas desde o ano lectivo 2001-02 ate ao ultimo ano lectivo completo (2007-08). Utilizo informacao disponibilizada pelo Juri Nacional de Exames e que tem sido utilizada para a construcao de rankings (por exemplo, aqui e aqui).

Em termos especificos, comparo a evolucao dos resultados internos e externos (exames nacionais) nas escolas publicas do continente com as escolas privadas e tambem com as escolas publicas das regioes autonomas. A motivacao para esta escolha esta' no facto de os dois ultimos tipos de escolas nao terem sido afectadas - pelo menos nao com a mesma intensidade - pelas varias alteracoes introduzidas no estatuto da carreira docente. Nessa medida, tanto as escolas privadas como as escolas publicas das regioes autonomas podem servir como contrafactual ou grupo de controlo.

(Outras abordagens, como comparar as escolas publicas ao longo do tempo ou comparar escolas publicas com escolas privadas num dado periodo, nao sao esclarecedoras. No primeiro caso porque o nivel de dificuldade dos exames oscila de ano para ano. No segundo caso porque os alunos nos dois tipos de escolas sao diferentes.)

Os resultados indicam uma deterioracao relativa de cerca de 5% em termos dos resultados dos alunos das escolas publicas do continente em relacao tanto 'as escolas publicas da Madeira e Acores como 'as escolas privadas. A minha explicacao para este resultado prende-se com efeitos negativos em termos da colaboracao entre professores a partir do momento em que a sua avaliacao prende-se essencialmente com o seu desempenho individual. Por outro lado, o aumento da carga burocratica associada 'a avaliacao tambem podera ter tido custos em termos da qualidade da preparacao das aulas.

Por outro lado, verifiquei que a variacao em termos dos resultados internos destes mesmos alunos e' menor, embora tambem negativa - cerca de 2% (em contraponto a 5% nos exames nacionais). A diferenca entre os dois resultados, que sugere aumento da inflacao das notas, pode explicar-se pela enfase colocada pelo ECD - pela menos nas suas primeiras versoes - nos resultados dos alunos como item a ser considerado na avaliacao dos professores.

Todos os resultados sao particularmente robustos a varias alteracoes em termos da definicao da amostra e em termos de diferentes criterios para a conducao da analise. Mais pormenores na versao academica do estudo, publicada em versao "working paper" pelo Institute for the Study of Labor, aqui.

Os resultados em si sao preocupantes. Mas mais preocupante ainda sera nao aprender com erros e correr o risco de repeti-los no futuro.

8.3.09

 
Causalidade





(No blog De Rerum Natura)

7.3.09

 
Queda da poupanca e defice externo



Extraido da apresentação do Governador do Banco de Portugal sobre "O Financiamento da Economia e as Empresas" na CIP.

6.3.09

 
CGD: "Cada resposta suscita mais perguntas"



2.3.09

 
Credit crunch - licoes para o futuro

“There is growing recognition that the dispersion of credit risk by banks to a broader and more diverse group of investors, rather than warehousing such risk on their balance sheets, has helped make the banking and overall financial system more resilient. The improved resilience may be seen in fewer bank failures and more consistent credit provision. Consequently the commercial banks may be less vulnerable today to credit or economic shocks.” (IMF Global Financial Stability Report, Abril 2006)

This page is powered by Blogger. Isn't yours?